Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009

Terminemos o que Cristo começou!

Por Dr. Russell Shedd

O desafio de que mais de dois bilhões de homens estão sem nenhuma possibilidade de conhecer a Cristo, pesa tremendamente sobre a Igreja. O mandato que Jesus nosso Senhor e Rei nos deu aguarda um compromisso mais profundo e abrangente da parte dos evangélicos do nosso país. Um folheto que Hudson Taylor escreveu fez arder o coração de Fraser, um missionário nas regiões remotas da China. Tinha as seguintes palavras: "Um mandato foi dado: 'Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura'". Isto não tem sido obedecido. Mais do que a metade das pessoas do mundo ainda não ouviu o Evangelho. O que dizemos sobre isto? Certamente é uma consideração que pertence a nós cristãos, pois somos os responsáveis, e mais ninguém. Os anjos não são responsáveis, porque Deus não lhes falou para pregarem o Evangelho aos perdidos. Nem Deus espera que as pessoas não convertidas levem as Suas Boas Novas a eles. Ele espera que os Seus discípulos o façam... O que poderíamos dizer se nosso mestre voltasse hoje e descobrisse que, depois de 19 séculos, mais do que a metade do mundo continua totalmente sem o Evangelho? "O Evangelho a toda criatura" - uma ordem clara. "Milhões nunca O ouviram" - um fato simples. O que vamos dizer? Eu, por mim, estou totalmente sem noção do que poderíamos dizer. Depois de cogitar sobre esta questão, tentando buscar em todas as direções uma desculpa razoável, sou obrigado a desistir... De uma coisa, porém, estou certo - que a maioria das desculpas que costumamos dar agora, com tão boa consciência, vão nos envergonhar naquele dia. Que não percebemos a importância de que nossos semelhantes, tão facilmente alcançáveis e em perfeitas condições de entenderem a mensagem do amor redentor de Deus - e com tão grande necessidade de ouvi-la - estão ainda abandonados a perecer, aos milhões. Quando os discípulos perguntaram, "Senhor, será este o tempo em que restaures o reino de Israel?" (At 1.6), eles queriam que Jesus os encorajasse comunicando a breve inauguração do reino messiânico. Creio que os discípulos de Cristo imaginavam uma nação cristã universal, utópica, semelhante àquela que Jesus apresentou no Sermão da Montanha. Os comunistas também pensam numa utopia mundial, em que através do controle do pensamento, da economia, da produção e da justa distribuição de tudo, eliminem toda a injustiça no mundo. Assim, os companheiros de Jesus previam bênçãos incessantes para toda a humanidade, por intermédio do Reino, sob o controle de Israel, encabeçado por Jesus e Seus seguidores. Nenhum de nós duvida que o Reino de Deus, com sua perfeita justiça, será gloriosamente, superior aos reinos deste mundo, todos submissos ao espírito da potestade do ar, que atua nos filhos da desobediência (Ef 2.2): "Todo o mundo jaz no maligno", escreveu João na sua primeira carta (1Jo 5.19). Não é um quadro que inspira otimismo! Jesus responde com uma advertência: "Não cabe a vocês saber a ocasião, ou o dia, que o Pai marcou pela sua própria autoridade" (v. 7). Mas, o que Jesus queria dizer com isto? Parece-me que os discípulos pensavam da mesma maneira que muitos judeus da época. Pensavam que Deus interviria direta e esmagadoramente, e que destruiria totalmente o poder pagão. Israel ficaria no cume do poder. Não foi esse o quadro que Daniel previu no seu sétimo capítulo? Quatro animais prefigurando os sucessivos impérios pagãos, poderosos e cruéis, dominariam a Israel, mas, finalmente, Deus interviria para os aniquilar. Disse o profeta Daniel: "... os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o sempre" (v. 18 e v. 22). Era natural pensar que a intervenção de Deus, quando levantou Jesus dentre os mortos, seria o primeiro passo do estabelecimento do reino universal, tal qual Daniel tinha previsto. Por isso os discípulos acharam que estavam vivendo precisamente o momento em que Deus destruiria o "quarto animal" de Daniel, que eles certamente identificavam com o Império Romano. Removido o poder de Roma, Deus estabeleceria sua capital em Jerusalém, e entronizaria aí Seu imperador, Jesus Cristo, o Senhor de todos. Jesus não negou este quadro apocalíptico, tão familiar aos judeus do primeiro século, como também é o caso daqueles que hoje lêem livros como "Agonia do Planeta Terra" e "Apocalipse já!". Ele simplesmente disse: "Não vos compete conhecer os tempos!". Os discípulos queriam saber, como nós muitas vezes queremos, "quando virá o fim" (Mt 24.3). Mas Deus Pai não abre mão dessa informação. Não é para tentarmos calcular quando o Reino glorioso de Cristo será estabelecido na terra! Através dos séculos, desde os acontecimentos do livro de Atos, muitos cristãos têm esperado ansiosamente a volta de Cristo. Muitos venderam suas propriedades, na esperança de que o Reino fosse começar em certa data. As testemunhas de Jeová dizem que Cristo já voltou em 1914, apesar de não terem nenhuma evidência convincente. Hoje em dia ainda há pessoas que interpretam os eventos contemporâneos como o cumprimento de profecias bíblicas. Mas Jesus deixou muito claro nestes versículos, que em vez de se preocuparem com os tempos e as épocas, Seus discípulos deveriam se comprometer com a missão. A igreja do Brasil, milhares de vezes maior do que o grupo dos onze, também precisa levar a sério a missão que Jesus deu aos discípulos, depois de Sua morte. Não devemos perguntar quando Jesus estabelecerá o Seu Reino. Devemos planejar como cumpriremos a missão que antecederá Sua vinda e o estabelecimento deste Reino de justiça. A missão e a promessa "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo" (v. 8 )"... não muito depois destes dias" (v. 5). Em vez de receber o domínio e autoridade que o Reino lhes outorgaria, os discípulos deveriam se tornar portadores do poder do Espírito de Deus. A vinda do Espírito sobre eles significaria o cumprimento da promessa do Pai. Este acontecimento seria tão claro e significante para o mundo, como a promessa de que daria o Reino a Israel. Diante dessa arma secreta, o reino de Satanás ficaria vulnerável frente ao mais simples e incompetente pescador transformado em evangelista. A missão divina requer poder divino, e não domínio humano e político. O Espírito concede poder, não para que a intervenção de Deus se manifeste nos centros políticos do poder, mas em corações humanos. Seria para os discípulos a concessão das primícias de todas as bênçãos do Reino; isto os transformaria em homens que, como Jesus, manifestariam o Reino de Deus aqui na Terra, pela submissão total à vontade do Rei. O derramamento do Espírito e o recebimento de poder não tinham como finalidade exaltar os discípulos, nem torná-los famosos. Pelo contrário, foi para torná-los em "testemunhas" de Cristo. A promessa também aponta para o fim, o escaton, que tanto atraía e incentivava os cristãos primitivos. Sendo que a missão começou em Jerusalém e irá até os confins da Terra, completar-se-á nas bandas mais distantes. Jesus não disse "os confins do universo". O globo terrestre coloca os limites da responsabilidade da evangelização. Para cumprir tão ousada missão, Ele mesmo estaria com eles até o fim do século (Mt 28.20). Tanto "os confins da terra" e o "fim do século" coincidem na evangelização. Os apóstolos, incluindo Paulo, não conheciam as dimensões deste planeta. Seguramente não pensavam que a tarefa fosse demorar mais do que uma só geração para se completar. Não tinham nenhuma idéia de quantas línguas teriam que ser aprendidas para evangelizar todas as nações. Paulo deixa bem claro que ele pessoalmente esperava estar vivo quando Jesus voltasse (1Ts 4 e 1Co 15). Agora, umas 60 gerações depois, ainda não se deu por encerrada a missão que o Senhor deu para sua Igreja. A mobilização e envio de mais dos atuais 50.000 missionários protestantes, talvez prometa que nesta geração cheguemos aos confins da terra. Missionários, como os meus pais, sentiram este mesmo desafio. Saíram com o firme propósito de conquistar o mundo para Cristo, mas não chegaram até os confins da Terra. Não alcançaram a todas as tribos, línguas e nações (Ap 5.9). Agora, com o auxílio dos missionários dos países recentemente evangelizados, poderemos cumprir a missão da Igreja? Esta geração corresponderá ao desafio que o Senhor nos deu? Na promessa do Espírito, não nos deparamos apenas com a possibilidade de cumprir a missão com Seu poder, mas também devemos reconhecer a estratégia indicada por Deus (At 1.8 ). Quando Jesus falava com os discípulos, estavam, todos, no Monte das Oliveiras, onde ocorreu a ascensão. Jerusalém situava-se a apenas uns 1000 metros dos seus pés. Deveriam começar ali. Uma vez firmado o fundamento da Igreja naquela cidade, deveriam plantar a boa semente nos campos da Judéia, Samaria e Galiléia, todos preparados pelo ministério de Jesus durante os três primeiros anos de pregação do Reino. Em seguida, deveriam expandir o círculo cada vez mais, até que alcançassem os povos mais distantes. Foi justamente a realização desta estratégia que Lucas quis demonstrar em Atos, historiando o movimento cristão desde suas origens em Jerusalém, até Roma, onde os povos das mais distantes terras então conhecidas, se encontravam. Com o poder do Espírito e esta estratégia dada pelo Senhor, a única razão para o não cumprimento da missão será a desobediência dos discípulos. Paulo e os onze fizeram sua parte. Antes do fim do primeiro século, as boas novas da salvação foram divulgadas em boa parte do Império Romano. Conclusão Completar a missão que Jesus deu para Seus discípulos dependia do compromisso de fé, deles e nosso. Seguros que a realidade da presença do Espírito estava com eles, milagres, como a tremenda ceifa do dia de Pentecoste, não lhes surpreenderam. Hoje, quem recebeu a Jesus Cristo também tem o Seu Espírito (Rm 8.9). Quem recebeu Seu Espírito, também pode contar com Seu poder divino para cumprir sua responsabilidade na missão da Igreja. Só a Igreja habilitada e dirigida pelo Espírito, levará a cabo esta missão que Jesus Cristo destinou a seus discípulos. Uma vez completada a missão, podemos esperar com confiança o estabelecimento do Reino em poder. Foi Cristo quem alertou aos primeiros missionários... "E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo para testemunho a todas as nações. Então virá o fim" (Mt 24.14). Quando oramos "venha o teu reino", na realidade estamos pedindo que Deus faça da Sua Igreja uma testemunha poderosa, irrestrita em ousadia e na geografia. Estamos, como Tiago e João, dispostos a pagar o preço, e a pôr de lado os interesses egoístas que nos prendem? Supliquemos que Deus renove nosso compromisso com a gloriosa missão de anunciar as boas novas a todos aqueles que nunca as ouviram.

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E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ João 8: 32